Masculino, 50 anos, Dor no Tornozelo
A definição do Colégio Americano de Reumatologia (ACR), de artrose compreende “um grupo heterogêneo de condições que levam a sintomas e sinais articulares que estão associados a defeitos da integridade da cartilagem articular, além de modificações no osso subjacente e nas margens articulares”. Os termos osteoartrose (OA) ou osteoartrite são empregados como sinônimos de artrose. A osteoartrite pode acometer uma única ou diversas áreas articulares, envolvendo mais comumente articulações que suportam peso nos membros inferiores, (como o tornozelo e pé) e certas articulações das mãos e as colunas cervical e lombar.
Embora haja grande variação nos resultados dos estudos epidemiológicos, dependendo do critério utilizado na definição da doença – histopatológico radiográfico ou clínico –, a osteoartrose ou osteoartrite é, sem dúvida, a doença articular mais prevalente em todo o mundo.
Histopatologicamente, descreve-se a presença de lesão na cartilagem articular desde a adolescência, podendo atingir 90% dos indivíduos aos 45 anos. Radiograficamente, considerando-se todas as articulações, a osteoartrite acomete cerca de 60% dos homens e 70% das mulheres após os 65 anos, sendo que, após os 85 anos essa cifra atinge 100% (vide imagem 1).
![Osteoartrite do Tornozelo](https://www.institutoreaction.com.br/wp-content/uploads/2019/04/osteoartrite-tornozelo-1-295x300.png)
Clinicamente, embora os dados sejam controversos, 10 a 30% dos indivíduos acima de 60 anos têm sintomas compatíveis com a doença. Neste caso o início dos sintomas deveu-se a microtraumas repetitivos durante o futebol. Diversas séries recentes apontam para um aumento na prevalência da osteoartrite, fator possivelmente relacionado ao envelhecimento da população.
Trata-se de uma causa frequente de dor, limitação funcional e incapacidade na população, ocasionando considerável perda da qualidade de vida do indivíduo acometido. Seu impacto socioeconômico é mundialmente significante, já que é uma das mais importantes causas de absenteísmo ao trabalho, além de gerar altos custos com tratamentos cirúrgicos, nas formas avançadas.
Recentemente, houve diversos avanços na compreensão da fisiopatogenia e no tratamento da osteoartrite. A doença deixou de ser considerada uma condição meramente degenerativa, passando a ser encarada como um estado de insuficiência osteocartilaginosa, no qual há intensa atividade metabólica da cartilagem. O tratamento passou a incluir além das terapias não farmacológicas e do uso de analgésicos e anti-inflamatórios, como no caso tratado em questão, novas abordagens, como as drogas condroprotetoras ou potencialmente modificadoras da doença osteoartrósica (DMOAD) e a viscossuplementação.
Frente a um paciente com o diagnóstico de osteoartrose, o médico deve estabelecer um programa terapêutico individualizado e multidisciplinar, objetivando reduzir os sintomas, melhorar a função e limitar incapacidades. Figura 1.
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Atividades que envolvem esforço físico, sobrecarga articular e prática competitiva esportiva como no caso em questão, associam-se a uma maior ocorrência de osteoartrose devido a atividades de alta intensidade, com impacto articular direto com outros indivíduos, superfície ou equipamento, como ocorre com os jogadores de futebol e maratonistas, os quais são atividades de maior risco.
A atrofia do da musculatura adjacente a articulação acometida observada em pacientes com osteoartrose tanto pode ser fator de risco como consequência do dano estrutural articular.
Quanto à patologia, a osteoartrite é definida como a perda gradual da cartilagem articular, associada a afilamento do osso subcondral, formação de osteófitos (protrusões osteocartilaginosas) nas margens articulares e inflamação sinovial crônica, leve e inespecífica. No estágio mais avançado, as cartilagens osteoartrósicas surgem alterações ósseas e cartilaginosas, com lesões capsulares e sinoviais. O resultado final, macroscopicamente, é a redução do espaço articular, formação de osteófitos marginais e esclerose do osso subcondral. As fases histopatológicas observadas são: ocorrência de edema e microfraturas (fase 1), que evoluem para fissuras (fase 2) e erosões (fase 3).
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Os principais sintomas da osteoartrose são dor, rigidez matinal de curta duração, limitação de movimento e, nas formas mais graves, instabilidade da articulação acometida.
A dor é o principal sintoma da osteoartrose, tendo padrão mecânico – desencadeada pelo uso da articulação e melhorada com o repouso. Esse padrão, diferente do observado nas doenças articulares inflamatórias (dor que piora com o repouso e melhora com o movimento), ajuda no diagnóstico diferencial com outras condições, por exemplo, a artrite reumatoide. Como inflamação sinovial aguda ou subaguda pode ocorrer na osteoartrose, características de dor inflamatória eventualmente podem ser observadas.
Não há correlação estrita entre os sintomas articulares e o grau de alterações patológicas ou radiográficas. Apenas 30% dos pacientes com evidência radiográfica de osteoartrose queixam-se de dor nas articulações acometidas.
Os AINH são amplamente utilizados para reduzir a dor e a inflamação, bem como melhorar a função em pacientes com osteoartrose. Há uma ampla variedade de drogas disponíveis, sendo variáveis suas habilidades de inibir a cicloxigenase (COX), enzima que catalisa a síntese de endoperóxidos cíclicos do ácido aracdônico a prostaglandinas (PG). Alguns anti-inflamatórios são potentes inibidores da síntese de PG, enquanto outros afetam de maneira mais proeminente eventos biológicos não mediados pelas PG.Frente a esse quadro o uso de anti-inflamatório 1x/dia auxiliou na sua recuperação e melhorou sua qualidade de vida.
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Artigo Escrito por: Ana Paula Simões