A tendinite do tornozelo é uma condição bastante comum entre atletas, corredores e praticantes de atividades físicas que envolvem movimentos repetitivos ou impacto na região dos pés. Trata-se de um processo inflamatório que afeta os tendões responsáveis pela mobilidade e estabilidade do tornozelo, podendo comprometer o desempenho e a qualidade de vida.
Dor, inchaço, rigidez e sensibilidade localizada são sinais clássicos desse tipo de lesão, que pode se tornar crônica quando não tratada da forma correta. A boa notícia é que a fisioterapia esportiva vem se mostrando uma das abordagens mais indicadas para controlar esse tipo de lesão, promovendo alívio dos sintomas, regeneração dos tecidos e prevenção de recidivas. Com protocolos que integram mobilidade, fortalecimento e reeducação funcional, esse tratamento fisioterapêutico permite que o atleta tenha uma recuperação completa, respeitando o tempo biológico do corpo e o seu perfil esportivo.
Causas da tendinite no tornozelo e os tipos mais comuns
A tendinite pode afetar diferentes tendões do tornozelo, sendo os mais acometidos o tendão de Aquiles, os fibulares e o tibial posterior. Cada tipo apresenta particularidades, mas compartilham fatores causais semelhantes: sobrecarga mecânica, calçados impróprios, técnica esportiva inadequada, encurtamentos musculares e desequilíbrios posturais. No caso dos atletas, o aumento súbito da carga de treino e mudanças no terreno da corrida são gatilhos bastante comuns.
O tendão de Aquiles, por exemplo, é o mais forte do corpo humano, mas também o mais exigido durante corridas e saltos. Os tendões fibulares atuam na estabilização lateral do tornozelo e são muito solicitados em movimentos de mudança de direção. O tibial posterior, por sua vez, é responsável por sustentar o arco plantar e é frequentemente sobrecarregado por pronação excessiva.
A inflamação na tendinite do tornozelo tende a se instalar de forma progressiva. No início, a dor é leve e aparece após o esforço, mas com o passar do tempo tende a se tornar constante e pode ser acompanhada por espessamento do tendão e limitação do movimento. Por essa razão, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações como a ruptura parcial ou a tendinose.
Primeiras etapas do tratamento: controle da dor e proteção do tendão
Nas fases iniciais do tratamento, o foco da fisioterapia esportiva é controlar o processo inflamatório, combater a dor e proteger o tendão da sobrecarga contínua. Isso não significa repouso absoluto, e sim uma modulação adequada das atividades físicas realizadas. A interrupção de exercícios de impacto e a substituição por atividades com menor estresse articular são recomendadas para proteger a estrutura já lesionada.
Recursos analgésicos como crioterapia, laser de baixa intensidade e ultrassom terapêutico são aplicados para modular a inflamação e ajudar a reduzir a dor. Técnicas de liberação miofascial e mobilização articular também são utilizadas para diminuir a tensão nas estruturas adjacentes.
Durante essa fase, o fisioterapeuta também orienta o paciente quanto ao uso de calçados adequados, ajustes posturais e, quando necessário, uso de palmilhas personalizadas. O objetivo é eliminar os fatores de agressão mecânica que perpetuam o processo inflamatório.
Fortalecimento progressivo e treino excêntrico para regenerar o tendão
Um dos pilares do tratamento da tendinite do tornozelo é o fortalecimento muscular, principalmente por meio de exercícios excêntricos. Esse tipo de movimento — em que o músculo se alonga enquanto está contraído — promove adaptações benéficas à estrutura do tendão, como aumento da capacidade de suporte de carga, reorganização das fibras colágenas e melhoria da vascularização.
Os exercícios excêntricos também trazem bons resultados para outras regiões do tornozelo. Devem ser realizados de forma controlada, com ênfase na fase de descida do movimento e sem provocar dor excessiva. A progressão de carga ocorre de forma gradual, conforme a adaptação do paciente.
O fisioterapeuta esportivo também pode propor exercícios de fortalecimento global para os músculos do pé, tornozelo, perna e quadril. O objetivo é restabelecer o equilíbrio entre as cadeias musculares. Esse treino funcional inclui movimentos como elevação de calcanhar, resistência com faixas elásticas, exercícios com peso corporal e deslocamentos laterais.
Reeducação funcional e retorno gradual às atividades esportivas
Superada a fase da dor e com o tendão mais fortalecido, o tratamento passa a incorporar atividades funcionais específicas para o esporte praticado pelo paciente. Esse é o momento de reeducar o padrão de movimento, corrigir falhas técnicas e preparar o corpo para as exigências da prática esportiva. Ignorar essa etapa é um dos principais motivos de recidiva em lesões tendíneas.
A reabilitação funcional inclui exercícios de equilíbrio, coordenação, agilidade e controle de impacto. Podem ser utilizadas plataformas instáveis, escadas, cones e saltos para desafiar o sistema neuromuscular e simular situações reais de treino e competição.
Entre os fatores que sinalizam o retorno seguro ao esporte estão: força simétrica entre os lados, boa resistência do tendão, controle motor adequado, ausência de dor ao esforço e biomecânica eficiente.
Manutenção e prevenção: como evitar que a lesão retorne
Mesmo após a alta da fisioterapia, a prevenção deve continuar. A tendinite do tornozelo é uma lesão de repetição e pode retornar se os fatores de risco não forem eliminados. A manutenção de um programa de fortalecimento e alongamento é indispensável, sempre associada a uma carga de treino bem planejada.
O fisioterapeuta esportivo pode orientar sessões de reforço periódicas, com foco em controle de carga, técnica esportiva e estabilidade funcional. A adaptação dos calçados ao tipo de pisada também é um aspecto essencial, incluindo o suporte ortopédico ou uso de palmilhas, quando necessário.
Atletas de alto rendimento, praticantes de esportes de impacto e corredores devem estar atentos aos sinais precoces, como dor leve após treinos mais intensos, desconforto ao subir escadas ou rigidez ao acordar. É importante que esses sintomas sejam levados ao ortopedista de confiança, para que o tratamento adequado seja implementado de forma personalizada.
A fisioterapia esportiva é uma grande aliada da recuperação plena. A tendinite no tornozelo não precisa ser um obstáculo permanente para quem deseja se manter ativo e alcançar alta performance.
Se você sente dor no tornozelo ou foi diagnosticado com tendinite, entre em contato conosco e agende uma avaliação. Quanto antes iniciar o tratamento, maior a chance de evitar complicações e recuperar seu desempenho com segurança e qualidade.